quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Incidente no rio Taperoá


Dia 9 de maio de 2008 choveu a noite inteira em Taperoá (PB). Como o açude Manoel Marcionilo já havia sangrado no domingo, dia 23 de março do mesmo ano, ainda estava com capacidade máxima de armazenamento, e, portanto, não mais absorveu a nova enchente do dia 10. 

Com o açude sangrando, o rio teve um alto volume de vazão, atraindo a atenção do povo, como sempre. E como sempre, a mesma história de se pular da ponte velha. A correnteza forte não intimidou os aventureiros. Já no sábado de manhã um rapaz que pulou da ponte só conseguiu sair do rio quase no meio do caminho entre as duas pontes – a velha e a nova. 

Mas o fato que mais chamou a atenção do povo foi a aventura de Zominho, irmão do falecido vereador Preto Mariano. Por volta das 16h00 do sábado, bêbado, ele resolveu pular da ponte. A correnteza forte o levou rio abaixo, mas ele conseguiu se segurar nas pedras do meio do rio, porém ficou sem seu short. Nu, ficou se segurando nas pedras, com o corpo imerso até a cintura, esperando socorro. Um rapaz de nome Marcelo tentou levar uma corda até ele, mas a corda ficou presa em alguma pedra ou árvore, e o resgate não pôde ser feito. Marcelo ainda conseguiu chegar a nado até o acidentado, mas também não pôde voltar. Ficou preso com Zominho. A notícia logo se espalhou, e muita gente veio ajudar ou assistir ao resgate. Já era quase noite quando alguns homens tentaram jogar uma corda para eles, sem conseguir. Um homem ainda tentou ajudar, nadando amarrado a uma corda, mas a correnteza forte quase o levou embora e ele foi puxado de volta. 

Cansado de ficar em pé, dentro d’água, Zominho resolveu sentar-se em cima da pedra mais alta, onde estava o Marcelo. Quando a multidão o viu nu, foi um alvoroço. Sentado e bêbado, ele não se intimidou: abriu o mais que pôde as pernas, proporcionando um espetáculo à parte para quem quisesse ver. Já era noite, mas um carro alumiava o local com seus faróis. 

Já passava das 18h00 quando um policial trouxe uma grande corda. Com a ajuda de voluntários, ele se amarrou nela e nadou até onde estavam os náufragos. Com muita dificuldade chegou ao local. A primeira providência foi amarrar bem a corda ao corpo largo de Zominho. Quando sentiram segurança, o soldado e Zominho pularam n’água, amarrados. Inicialmente, a correnteza levou-os rio abaixo, mas os voluntários que seguravam a corda conseguiram puxá-los para a terra firme. Aplausos do povo: Zominho estava salvo.           

Ficou Marcelo sozinho. O policial disse que não conseguiria salvá-lo, pois havia se machucado nas pedras e precisaria ir ao hospital fazer curativos. O jeito era o rapaz esperar os bombeiros de Campina Grande, que haviam sido chamados e já estavam a caminho. Desesperado, Marcelo quis saltar na correnteza, mas o povo gritou bastante para ele esperar. A mãe dele chorava na beira do rio, vendo a hora perder o filho. 

A espera pelos bombeiros estressava o povo e o rapaz, que de vez em quando gritava no meio do rio. Cansados de esperar pela ajuda que não vinha, alguns homens foram à luta. Arrumaram outra grande corda e começaram a arremessá-la o mais longe possível. Amarrado a ela, um homem nadou um pouco rio adentro, segurado pelos homens, e conseguiu enfim jogar a corda o suficiente para Marcelo alcançá-la. Aplausos. 

Marcelo então se amarrou bem à corda, que foi puxada por muitos homens, até que ele alcançou a terra firme. Alívio geral. A multidão gritava de alegria, enquanto ia embora. Tudo havia acabado bem. Ficou uma lição para as futuras gerações.     

(Texto e foto: Bete Diniz - Taperoá - PB)
  

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